Segurança alimentar, cadeia de suprimentos e cultura.

Pode ser proprietário, funcionário, gastrônomo, nutricionista ou até mesmo cliente, impossível não estarmos atentos a segurança alimentar. De fato, nem todos precisam entender as leis e regimentos, mas todos sabemos que é necessário higiene na manipulação. 

Possuir um produto manipulado corretamente com as características físicas e químicas do alimento é essencial. A segurança alimentar diz respeito desde a estrutura física, transporte, temperatura, armazenamento, higiene pessoal e microbiologia. A cultura intrínseca está também muito associada a isso. Vamos pegar o exemplo do cinto de segurança que antigamente pouquíssimas pessoas usavam, hoje praticamente todos usam na cidade. Mesma coisa é o cuidado com a manipulação, o que era comum nos anos 80 e culturalmente aceito na época, hoje o padrão é outro. Cada cidade e ou estado tem suas diretrizes pertinentes e devem ser seguidas, porém pessoas de má índole ou leigas no assunto colocam riscos no processo como um todo. É preciso além de fiscalização a capacitação e conscientização das pessoas.

Como você sabe que o produto que você está produzindo nesse exato momento passou por este cuidado desde o começo? O vegetal que está em sua mesa, qual foi o processo? Você sabe em que tipo de solo, qual região, quais agrotóxicos, sua logística de beneficiamento, transporte até chegar na sua mesa foi totalmente correto? Não adianta eu seguir protocolos rígidos na produção final lá na cozinha se eu não sei de fato o que aconteceu com o produto antes de chegar em minhas mãos. Sim, é dever do restaurante acompanhar todo esse processo, e deveria ser de responsabilidade do consumidor final exigir esse acompanhamento. Todo esse processo pode ser chamado de supply chain (cadeia de suprimentos). 

É uma tendência que se tornará padrão daqui a alguns anos graças a conscientização do cliente a cerca de sua alimentação. Isso faz com que todos os envolvidos na cadeia de suprimentos prestem informações precisas. O uso do QR code é muito utilizado para repassar as mais diversas informações ao cliente final. Hoje consigo saber que o mamão que comprei no supermercado foi colhido a exatas 14 horas e 15 min, que saiu do produtor tal, que fica localizado no município tal e aue produz tantos quilos por dia com uma equipe de x pessoas, que utilizou a técnica de drenagem específica naquele solo. Sei também quem transportou  o produto até o supermercado e como foi higienizado. 

Mesmo com todas as ferramentas na mão ainda existem pessoas que compram certos alimentos que nem poderiam ser utilizadas para alimentação humana para economizar e colocam a vida de outros em perigo. Não estamos falando de alimentação de sobrevivência ou da fome que volta a afligir o povo brasileiro e que pra se alimentar se sujeitam a qualquer qualidade de produto. Estamos falando do atravessador que vende produto mais em conta perante o restante dos fornecedores, e se de fato essa pessoa existe, há também o receptador no processo e o ciclo se fecha e continuará funcionando.

Essa Foto foi batida em Manaus onde o clima é extremamente quente e sem cuidado nenhum esse produto será utilizado para consumo humano. Quem faz turismo na região da orla do centro de Manaus já se deparou com a feira de carnes que acontece no mercado, onde nenhum produto possui o mínimo de controle sonitario. E pior, há fiscais da vigilância nesses pontos. É aquela velha história da cultura alimentar que falei. Quando se coloca risco de vida não podemos permitir manter essa cultura. 

Quando empregamos uma cultura organizacional mudamos paradigmas naquela empresa que pode modificar outra empresa e assim, pouco a pouco, modificar toda a cultura onde está inserido. Temos que ser exigentes e conscientes cada vez mais. Vamos mudar?